Neste mundo, sempre há espíritos encarnados que fazem a diferença na comunidade onde vivem. Quando visitei São Lourenço, MG, conheci e fiz amizade com o senhor Marco Aurélio, que havia construído uma pequena igrejinha no bairro onde morava, com o intuito de ter um local reservado para praticar suas orações. Em nossas conversas, ele citou o nome de Dona Tiana, uma benzedeira que morava no mesmo bairro, e prontificou-se a me apresentá-la. Trata-se de uma senhora simples que adotou várias crianças, criou-as e educou-as, e, ao mesmo tempo, dedicou sua vida inteira a fazer orações por todas as pessoas da comunidade que a procuravam (e ainda a procuram) em busca de uma cura ou um consolo. Seguiu o mesmo caminho de Nhá Chica, de Dona Genilda e de tantas outras pessoas que dedicaram (e dedicam), sua vida ao próximo e fazem a diferença na comunidade onde vivem. Dona Tiana é uma benzedeira de mão cheia. Fazer homenagem a uma pessoa simples e que sempre encontrou tempo para resolver os problemas dos outros, é um prazer, talvez seja um dever, pois se trata de referendar um exemplo de vida que deveria ser seguido por todas as pessoas. A prática do amor ao próximo é o maior e melhor exemplo de vida. Quando conheci Dona Tiana, ela me disse o seguinte: "Não me casei, mas criei muitos filhos, e tenho como principal ocupação praticar o amor através das minhas orações pelo bem dos meus semelhantes!" No seu caderno de orações consta uma lista enorme de pessoas que a procuram solicitando uma prece, uma cura ou um conselho. Dona Tiana, 94 anos, é católica, e, todos os dias, eleva suas orações ao Altíssimo e encaminha a Deus os pedidos que lhe são entregues pelas pessoas da comunidade. Ela mora numa casa humilde na entrada do Bairro Nossa Senhora de Lourdes, em São Lourenço, MG, e está sempre solícita e simpática acenando para alguém que passa e lhe faz um cumprimento. Quem passa na calçada, pode ver Dona Tiana sentada no sofá da sala rezando diante de uma vela acesa. Trata-se de uma figura muito relevante no bairro, uma autoridade religiosa, merecedora de respeito e admiração. Marco Aurélio contou-me que quando lançou a pedra fundamental da sua pequena e artística capela, que ficou conhecida como capela de Nhá Chica, convidou Dona Tiana para fazer uma prece de bons fluídos no local. Outras pessoas religiosas foram convidadas. Ou seja, a primeira oração rezada no terreno onde marco Aurélio construiu sua pequena capela, em São Lourenço, foi feita pela benzedeira Dona Tiana, o que demonstra a autoridade religiosa que ela exercia no bairro. Claro que, aproveitando a ocasião, pedi as orações de Dona Tiana, e, ali mesmo, me despedi de Marco Aurélio, a quem sou eternamente grato pelo tanto que com ele aprendi, e voltei para a minha cidade.
