Texto do psicanalista e pedagogo Marco Aurélio Dias

Chico Taquara, de São Thomé das Letras

Chico Taquara
Muitas pessoas pensam que Chico Taquara, de São Thomé das Letras, foi apenas um místico lendário que imitava o profeta João Baptista, pelo fato de ser vegetariano e se alimentar apenas usando mel, leite e plantas silvestres. Pelo contrário, Chico Taquara foi real. Tinha uma filosofia de vida e um propósito existencial. Não era alguém que pretendia consertar os erros das pessoas e da humanidade. Buscou apenas a paz e a iluminação. Se você quiser consertar os erros dos outros, não vai ter tempo para cuidar de si mesmo. Ele morou numa gruta. Foi filósofo, parteiro, rezador e terapeuta holístico. Prestou um bom serviço social na povoação. Ele receitava remédios da natureza para as pessoas doentes. Ele não acreditava na divisão de Deus em pedaços. Deus é uma unidade indivisível. Cavalo, boi, pessoas, joaninhas, estrelas, vento, oceano - tudo ele via como Deus e sua manifestação. Do mesmo modo, a pessoa e suas obras constituem uma unidade. Não se pode separar a pessoa daquilo que ela falou ou fez. Deus é, ao mesmo tempo, a ação e o sujeito da ação. Chico Taquara não enxergava diferença entre Deus e sua manifestação. Em certas ocasiões, ele untava os longos cabelos com mel. Tratava-se de algum processo terapêutico que desconhecemos. Por causa disso, as abelhas pousavam em sua cabeça. Estas e outras particularidades do eremita de São Thomé das Letras conquistaram a atenção do filósofo brasileiro Henrique José de Souza, o qual, após estudar sua metodologia de busca da paz interior, chegou a mencioná-lo como um mestre de sabedoria. Não é por acaso que Chico Taquara veio a se configurar como um exemplo de pessoa que se dedicou a desenvolver um estado de consciência que se contrapõe ao materialismo e ao capitalismo. Em data não muito precisa, mas anterior a 1930, Chico Taquara desapareceu da cidade de São Thomé das Letras, sem deixar vestígios, e nunca mais retornou.








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