terça-feira, 25 de agosto de 2020

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Como Conheci Chico Taquara

Houve um homem polêmico que viveu em São Tomé das Letras. Ele levou vida de ermitão na cidade de São Tomé das Letras. A tradição diz que ele foi (ou ainda é) o guardião daquela cidade turística. Alguns místicos entendem que São Tomé das Letras é um portal espiritual que dá acesso a regiões mais evoluídas do Plano Espiritual. Chico Taquara viveu como um daqueles iogues da Índia, retirado na montanha. Ainda na década de 70, procurei saber mais detalhes sobre quem foi Chico Taquara, quais eram os seus ensinamentos e de onde ele era. As pessoas mais versadas em estudos esotéricos (as que eu conhecia) não sabiam me falar quase nada. Interessei-me pelo assunto. Naquela ocasião específica, eu tinha planos de fazer uma viagem ao norte de Minas Gerais. Como eu estava com uma quantidade de dinheiro que dava para fazer a viagem, resolvi ir conhecer a Serra da Canastra. Ver onde nasce o Rio São Francisco. Visitar a cidade de Pirapora. A cidade onde nasceu minha mãe. Talvez eu ficasse um tempo vivendo na Serra da Canastra. Era essa a minha intenção. Peguei um trem na Estação da Leopoldina, no Rio de Janeiro, até Belo Horizonte. Eram 5 horas da tarde. Já tinha anoitecido. No meio do caminho. Numa estação qualquer. Já dentro de Minas Gerais. O trem parou para pegar passageiros. Entrou um senhor idoso, de barba enorme e cabelos longos. Ele despertou minha atenção. Lembrou-me a figura de Chico Taquara, o guardião da Embocadura de São Thomé das Letras. A tradição oral diz que ele foi um homem muito evoluído espiritualmente. Logo depois, o cobrador do trem entrou no vagão. Pediu que os passageiros apresentassem o bilhete. O tal homem barbudo e cabeludo não tinha passagem. Era noite. Olhando a figura do velho, continuei imaginando a figura do Eremita. O cobrador do trem ficou impaciente com o senhor. Ele disse que não tinha dinheiro. Argumentou que viajaria só até a próxima estação. Tudo isso acontecia perto de mim. Quase do meu lado. Então resolvi me meter na conversa. Intercedi favoravelmente ao senhor. Pedi ao cobrador que deixasse o homem viajar de graça. Ele não aceitou minha sugestão. Foi aí que eu tirei a quantia da carteira e paguei a passagem dele. Agradecido, o senhor sentou ao meu lado. Conversamos um pouco. Eu estava com a Bíblia na mão. Olhando-a, o velho fez o comentário de que somos semelhança de Deus. Afirmou que nesta encarnação temos que buscar a nossa semelhança com Deus, não a nossa semelhança com o corpo, para que o nosso espírito evolua e alcance encarnações futuras melhores. Achei interessante a conversa dele. Falou como se fosse um espírita. Senti vontade de dividir todo o meu dinheiro com ele. Contei quanto tinha. Dei-lhe a metade. Logo, chegou a próxima estação. Antes de saltar, ele me aconselhou que eu vivesse no mundo procurando realizar a minha semelhança com Deus. Aquele acontecimento causou um grande impacto na minha vida. Fiquei muito feliz pelo gesto que acabara de fazer. Após ele descer, o trem deu a partida. Fiquei com a sensação de que aquele homem era uma aparição do Chico Taquara. Sabemos que os espíritos mais evoluídos podem se materializar para quem desejam. Por que o espírito de Chico Taquara se materializaria para mim? Isso não sei responder. Também não posso provar cientificamente que aquele homem era uma materialização do espírito de Chico Taquara. Cinquenta anos se passaram. Aquele episódio ficou guardado no meu subconsciente, não só como o arquivo de uma ação boa que fiz. Desde aquele episódio, ocorrido na década de 1970, quando o recordo, tenho a sensação de que aquele senhor era de uma hierarquia espiritual muito evoluída; a sensação de que era uma materialização do espírito de Chico. Coisas que acontecem. Fiquei um tempo na Serra da Canastra, visitei Pirapora, cidade onde minha mãe nasceu, depois para Belo Horizonte. Tinha a intenção de pegar um ônibus para o Rio de Janeiro. Meu dinheiro havia acabado. Procurei a assistência social da Rodoviária de Belo Horizonte. Solicitei que me dessem uma passagem. Falei que não tinha dinheiro. Disse que precisava retornar ao Rio de Janeiro. Contei minha história. Argumentei que dividi meu dinheiro com aquele senhor. Não deu certo. A assistente social me falou que não davam passagem. Pedi então uma autorização para colocar meus objetos a venda lá dentro da Rodoviária. Eu carregava uma flauta, a bíblia e outros objetos. Obtive a permissão. Coloquei meus objetos no chão. Escrevi o preço de cada um em papeis diferentes. Fiquei ali. Então as pessoas passavam. Olhavam. Perguntaram por que eu estava vendendo a minha bíblia. Falei que precisava fazer dinheiro para comprar uma passagem para voltar ao Rio de Janeiro. As pessoas foram boas. Colaboraram. Não vendi a Bíblia. Ninguém quis comprá-la. Queriam que eu continuasse com o meu livro. Porém me deram quantias para ajudar. Enfim, eu fiquei com meus objetos. Arrumei o dinheiro para almoçar. Comprei a passagem. Ainda sobrou algum. A última pessoa que me deu uma doação foi um senhor barbudo e e de cabelo cheio, bem penteado, barba bem feita. Ele tinha a mesma fisionomia do homem que conheci no trem, quando estava iniciando minha viagem e com o qual dividi meu dinheiro. A diferença é que se vestia com distinção, muito limpo, roupas novas. Ele tirou uma carteira do bolso, abriu-a, pegou uma quantia, dividiu-a em duas partes e deu-me uma parte. Sorriu foi embora. Fez exatamente o que eu fiz dentro do trem. Fiquei espantado com o ocorrido. Lembrei dos meus estudos da lei de Causa e Efeito. Voltei ao Rio de Janeiro. Procurei saber mais alguma coisa sobre Chico Taquara. Como ninguém sabia me falar nada de substancial, resolvi visitar São Thomé das Letras, na Serra da Mantiqueira, para ver se obtinha mais informações. Lá, num local conhecido como Pedra da Bruxa, que é um monumento rochoso esculpido pela natureza, conheci Savana, uma estudante de filosofia. Foi ela quem me deu muitas informações sobre a vida e a obra do anacoreta. 








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