Texto do psicanalista e pedagogo Marco Aurélio Dias

Filosofia do Bem

Quero explicar pedagogicamente um raciocínio filosófico quanto ao fato de que todas as virtudes necessárias para a pessoa interagir eticamente dentro da sociedade estão agrupadas genericamente nas palavras Bem, Bom e Bondade e deveriam ser dissociadas das instituições religiosas que auferem lucro com a desculpa de ensinar uma religião que supostamente seria o caminho do Bem. Sem dúvida, o caminho do Bem só pode ser o grupo familiar onde a criança nasce e se desenvolve, e o que se aprende ali permanece como um arquétipo comportamental, para sempre. O conceito de Bem não precisa dos argumentos das religiões e dos livros para ser entendido, explicado e ensinado às gerações. O Bem é simples como um copo de água. A pessoa para ser boa e amar seu semelhante não precisa ser religiosa, não precisa de livros religiosos, de sacerdotes, de pastores, de igrejas, dos templos, das religiões e nem dos supostos exemplos de pessoas tidas como santas que dariam exemplos das virtudes do Bem. Não se aprende o Bem com exemplos teóricos tirados dos livros das religiões. Pode-se encher a cabeça da criança com os exemplos de personagens da mitologia religiosa, mas isso não a convencerá da necessidade de ser boa, justa e complacente, principalmente em se tratando do ambiente seguro e solitário da sua sombra. O Bem se aprende com os exemplos de dentro de casa e dos ambientes de interação. O pai que vai à igreja diariamente e usa essa rotina como discurso para educar seu filho na assimilação do Bem, ele não dá nenhum exemplo do Bem, dá apenas o exemplo de uma rotina. Uma pessoa só aprende a amar quando interage com os exemplos reais de bondade. Ninguém aprende a amar porque um tal livro diz que Deus mandou, mas porque viu o exemplo do amor nas ações das pessoas. Ninguém aprende obrigado e nem coagido. O medo não é mestre. As instituições religiosas se dizem salvadoras da humanidade, mas não conseguem e nunca conseguiram transformar o ser humano numa pessoa melhor. As instituições religiosas não ensinaram o amor. Elas só aprenderam a arrecadar dinheiro e enriquecer. É isso o que está patente. A prova disso vemos no fato de que o mundo está cheio de religiões, igrejas e líderes religiosos, mas não está cheio de amor. Pelo contrário, está cheio de guerras e crimes. Não obstante isso, elas pretendem ensinar o amor, o desapego e a compaixão pelo próximo, tarefa que nunca realizaram, mesmo porque estão apegadas ao dinheiro e ao materialismo. Elas usam esse argumento para pedir esmolas, contribuições e donativos, e salta aos olhos o quanto elas prosperam financeiramente, enquanto a pobreza, a miséria e a criminalidade imperam e prosperam com a maior facilidade. Quando as famílias, as escolas e a sociedade ensinarem o Bem em si, o Bem como essência, sem as gorduras das religiões, então inauguraremos uma nova era no mundo, a era do Bem. Fica aqui uma pergunta: é possível amar o semelhante sem ler os livros das religiões e sem consultar os líderes religiosos que pregam o Bem, mas não o praticam, e, é claro, querem dinheiro em troca das suas pregações? Sim. A filosofia do bem não só afirma que é possível, mas diz que é necessário que as pessoas desenvolvam a autonomia intelectual, espiritual e moral, rejeitando os líderes que se apresentam como salvadores, pois eles são cegos guiando cegos e tudo o que fizeram foi decorar passagens dos livros sagrados para dominar os humildes! Não se deve buscar o Bem nas religiões, mas em si mesmo. O educador inteligente diria aos pais: Não mande seu filho ir à uma igreja aprender o Bem, ensine-o você mesmo, pois se ele não aprender o Bem com você, dentro de casa, tampouco o aprenderá na igreja, na escola ou na sociedade. 








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